Grito de alerta, do que me vai na alma, em consequência de um amor puro, saudável e o mais belo de que todo o ser humano se deveria orgulhar.
Mãe, palavra doce, eterna e infindável até ao fim dos nossos dias e que com o pensamento permanente obedece aos nossos anseios de que ela esteja sempre presente desde os primeiros segundos até aos últimos da nossa história.
A partida dessa senhora, que me deu o ser, me aconchegou com carinho, me ensinou os primeiros passos, me afagou os cabelos enquanto dormia no seu colo, hábito que adquiri e que já adolescente, lhe pedia, “deixa-me usufruir do teu colo” e de imediato me enroscava no seu regaço, lugar já pequeno para a minha robustez e que sempre cabia nesse lugar doce e que ela mesmo cansada e com os seus afazeres domésticos aguardava a minha iniciativa, sempre com um sorriso nos lábios, retorquindo “já estás a ficar grande para te ter no meu colo”, mas com mestria e amor comum me deixava repousar no seu colo onde de resto ambos nos sentíamos bem.
Isto porque havia amor, compreensão e estima, de uma mulher, que sempre soube contornar os obstáculos e as suas vivências para que os seus filhos se tornassem homens e mulheres, que encarassem o futuro, sem preconceitos nem frustrações desmesuradas .
Mulher sensível, com ideais próprios, culta para a época, pois o seu nascimento nos anos 20, e credenciada da quarta classe de então, aprovada com distinção, era obra, também derivado ao poder instituído que por vezes não dava o apoio necessário para que nomeadamente as mulheres não adquirissem cultura, pois nessa altura tinha-se a noção de que a mulher era de casa e para casa, mas mesmo assim a senhora que me deu o ser, tirou a dita 4ª classe com distinção como já tive questão de referir.
Esta senhora de que vos falo, era uma eximia senhora, exigente consigo própria e tinha como consorte os sacrifícios e preocupações dos seus filhos e de todos sem igual, querendo o seu bem estar, mas responsabilizando-os dos seus deveres que quando menos conseguidos vinha ela corrigir o que efectivamente não se encontrava tão bem.
Correcções sempre com sorriso nos lábios, tipo travessura de criança, no sentido de nós ficarmos atentos aos pormenores do que teríamos feito menos bem e que através da sua correcção, tivéssemos a noção do que deveríamos fazer no futuro.
Mãe como eras tão humilde, no teu semblante normalmente sorridente e que mais tarde se foi transformando em tristonho derivado á doença, que haveria de pôr termo á nossa vivência diária e demasiado significativa para mim e para os meus irmãos.
Abandonaste-nos mãe, fisicamente e para os crentes, como eu, iremo-nos encontrar um dia e confraternizaremos para sempre no infinito dos nossos seres para que eu possa apreciar de perto esse sorriso franco, aberto emanado do teu coração que continua grande do tamanho do mundo.
Mas enquanto isso não acontece, continuo na interrogativa “Estás-me ouvir mãe?, e tu em letras garrafais memoriáveis no meu pensamento vais afirmando, “diz que eu ouço-te e ouvir-te-ei sempre meu filho”, por isso disponho no meu consciente a figura, as palavras, os conselhos, os sorrisos daquela mulher que era além de minha mãe, era a minha confidente, e continua a ser a minha força, como se fosse hoje. disse
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