Em tempos que já lá vão, e ainda bem que assim foi, tempos da minha criancice, pois todos já devem ter reparado que eu sou o Raul dos Santos Nunes, natural de S. Miguel de Vila Boa, Concelho de Sátão, e residente até aos meus 26 anos, no lugar de Abrunhosa, terra da Capela da Nossa Senhora da Esperança, cuja festa se realiza a 08 de Setembro anualmente, e neste propósito, pois nasci, em 1960 e como tal tenho a juventude dos meus 50 anos, e nas vicissitudes da minha vigência, com aquela gente, humilde, mas honesta e pura , conversava ainda muito novo com todas as pessoas e ainda mais com as de mais idade.
Gente, que como eu nos iluminávamos á luz de uma candeia de petróleo e os mais favorecidos como a minha família iluminávamo-nos com um petromax , que continha uma bilha, para aí de 05 kilos de peso, mas que dava luz como uma actual florescente se tratasse, sendo essa luz móvel para onde era necessária a sua utilidade e que funcionava a gás.
Ou seja, nessa altura na Abrunhosa não havia luz eléctrica e como tal, os jovens da terceira idade não sabiam o que isso era e até porque ao principio criaram certas resistências no sentido de que a instalação da corrente eléctrica lhe iria causar problemas, entre os quais algum incêndio e explosão e dai o seu cepticismo em relação á iluminação.
Vai daí, um celebre dia, o Sr José Rosa, se dirigir á Vila (Sátão) a fim de tratar de uns problemas no registo civil, e naquele dia de Inverno, o tempo estava escuro, prestes a querer chover, e a funcionária que para resolução do problema do amigo Zé Rosa, não enxergava já grande coisa, derivado ao tempo invernoso, dirigiu-se ao mesmo e disse-lhe: Olhe desculpe, o sr. Não me pode acender a luz?, retorquindo o Zé Rosa, - Concerteza minha senhora , e dirigiu-se para o interruptor, começando, com o dedo indicador a empurrar o dito cujo para dentro.
Ao aperceber-se, a funcionária que a luz nunca mais acendia, dirigiu o olhar para o amigo Zé Rosa e ele continuava a empurrar o interruptor para dentro, sendo de imediato interpelado pela funcionária olhe o senhor desculpe mas é para cima e o bom do Zé Rosa, (segundo ele para não ficar mal visto) respondeu, desculpe menina mas em minha casa é para dentro, como na Abrunhosa já houvesse efectivamente luz eléctrica.
Posto isto, o bom do Zé Rosa, prosseguia a sua labuta puxando então para cima e em acto continuo acendeu a luz que fazia falta dentro daquele registo civil.
Tratado do problema e posteriormente, fiquei sabedor de tal façanha e ao perguntar-lhe : Então tio Zé Rosa, você parece que queria acender a luz do modo que a acende em sua casa, ao que ele me respondeu, sabes rapaz, também ninguém precisa de saber que nós não temos luz dessa que é eléctrica e também não iria ficar mal visto e na ignorância perante tal senhora e daí o meu desabafo.
E então ao longo dos anos e sempre que nos encontrávamos, sempre nos riamos: ao tio zé rosa em minha casa é para dentro” e ele com um sorriso nos lábios respondia, tem que ser para dentro meu rapaz porque doutra forma aquilo não acenda……malandrice do tu Zé Rosa, que Deus o tenha em bom descanso. disse
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